terça-feira, 4 de maio de 2010

Sete mudanças do mundo do trabalho

Eis algumas das principais mudanças no trabalho nas últimas décadas.


1) Era masculino, virou (ao menos em boa parte) feminino. Nos Estados Unidos, as mulheres acabam de se tornar maioria entre a população empregada – embora ainda ganhem menos (mas menos menos que antes, e cada vez menos menos). No Brasil, as mulheres estão mais perto dos 40% da população empregada. Mas dois sinais fortes de que elas avançam céleres para conquistar mais espaço: elas são mais instruídas, em média; e durante a crise do ano passado o emprego delas foi mais preservado que o dos homens.

2) Era hierárquico, virou (ao menos em parte) múltiplo. O ditado “manda quem pode, obedece quem tem juízo” faz sentido nas empreitadas em que o mandante tem todas as informações, e as tarefas são mecânicas. Numa economia dominada pelos serviços, as tarefas são mais complexas: exigem mais inteligência e, além dela, emoção (pense num bom atendimento num hotel). Daí a necessidade de “líderes”, chefes que consigam engajar a equipe no trabalho (e entender qual é o trabalho a ser feito).

3) Era centralizado, virou capilarizado. Não quer dizer que a palavra do chefe não valha mais que a do peão, mas num mundo complexo e rápido o controle das informações está nas pontas, tanto quanto no centro. É daí que vem a pressão por uma espécie de democracia dentro das empresas – a direção que não sabe ouvir seus funcionários tem mais chance de se estrepar.

4) Era local, virou global. A queda de barreiras políticas (o socialismo que se abriu, os blocos que se formaram) e o avanço de tecnologias de conexão (internet, satélites, supercomputadores) aceleraram um processo que existe há séculos, senão milênios: a aproximação dos povos. Hoje, as carreiras de ponta envolvem pelo menos alguma experiência no exterior.

5) Era seguro, virou dinâmico. Numa época de menos concorrência, as empresas guardavam estoque de gente – pessoas “encostadas”, esperando a hora de se aposentar. Com o advento da ultracompetição (globalizada), não há mais espaço para gorduras. Minguaram as carreiras para a vida toda. A primeira geração a sofrer esse baque não estava preparada. Eram as vítimas da reengenharia, uma reorganização das empresas que ceifou milhões de empregos. Agora são os diretores de recursos humanos que se espantam, ao contratar jovens talentosos que admitem com candura que não têm a menor intenção de ficar ali naquela empresa por mais que três ou, no máximo, cinco anos.

6) Tinha carreiras, tem projetos. Uma das consequências de um mundo do trabalho volátil é que as pessoas têm mais a ganhar construindo seu portfolio, um pouco à maneira de artistas independentes. Importa menos o tempo de serviço, e mais o número de projetos interessantes com que você se envolveu.

7) Tinha um ciclo, tem vários. Outra consequência de um mundo do trabalho volátil é que a vida útil nas empresas diminuiu. Isso obriga as pessoas a planejar não uma carreira, mas várias. Antigamente, você fazia uma grande escolha de profissão, lá pelos 17 anos (quando a gente sabe tudo sobre si e o mundo) e ia com ela até os 60, 65 anos. Então se aposentava. Agora, não mais. Até porque nossa expectativa de vida aumentou, nossas carreiras devem ser um pouco como planos de negócios: ter estratégia de início, de manutenção… e de saída, para começar outro ciclo na vida.

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/trabalhoevida/

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