por Sylvia Ann Hewlett e Ripa Rashid
Para atrair e reter profissionais ambiciosas e com boa formação acadêmica em países em desenvolvimento é preciso entender os desafios que a sociedade impõe à mulher.
Depois de trabalhar quase 20 anos no exterior para uma consultoria internacional, uma chinesa que chamaremos de Mei há pouco se viu obrigada a voltar a Pequim. Ali, está tendo dificuldade para conciliar trabalho e vida pessoal (e não por causa de filhos). Idosos, os pais de Mei precisam de cuidados especiais — e, na China, é socialmente malvisto contratar ajuda profissional ou colocar os pais num lar de idosos. Mei está preocupada com o impacto desses deveres em sua carreira. Tirando o fato de ter facilitado seu regresso ao país, contudo, a empresa parece ignorar os problemas da funcionária.
Nos Emirados Árabes Unidos, uma estrela em ascensão que chamaremos de Rana é analista na divisão de renda fixa de um banco. A empresa regularmente oferece oportunidades de desenvolvimento profissional, mas Rana teve de recusar um convite para uma recente sessão de capacitação em Nova York. É que uma mulher solteira nos Emirados não pode embarcar num avião ou se hospedar num hotel a menos que esteja acompanhada de um homem da família. Como se não bastasse, não lhe deram meios para se conectar via vídeo para poder participar do treinamento sem sair do país.
Em muitos mercados emergentes, a discriminação no trabalho parece crescer para jovens mães, um grupo sob constante vigilância. Na Índia, é comum essa mulher ser instalada, na volta, em funções ou projetos menos desafiantes ou receber avaliações de desempenho piores. Uma brasileira nos contou que uma colega foi demitida quando a ouviram dizer que pretendia ter um segundo filho. Embora viole as políticas de muitas empresas, essa conduta abertamente discriminatória ainda é tolerada.
Como revelam as histórias acima, a mulher nesses países enfrenta desafios singulares. Para multinacionais cujas esperanças de crescimento estão sendo depositadas em mercados emergentes, é um sério problema. Apesar da imensa força de trabalho de países do Bric, essas empresas enfrentam uma disputa acirrada por talentos. A Índia forma o mesmo número de engenheiros que os Estados Unidos, e a Rússia produz dez vezes mais profissionais de finanças e contabilidade do que a Alemanha. Apesar disso, segundo o McKinsey Global Institute, apenas 25% desses profissionais na Índia e 20% na Rússia estão qualificados para trabalhar em multinacionais. Na China, menos de 10% dos profissionais formados por universidades estão preparados para triunfar nessas organizações.
Fonte: http://www.hbrbr.com.br/index.php?codid=231&__akacao=261212&__akcnt=abfcb6d9&__akvkey=4759&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=HBR+-+Newsletter+Maio+2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
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