Em artigo publicado pelo jornal Brasil Econômico, presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, defende ações que favoreçam a presença das mulheres no mundo dos negócios e na política
Evidenciar o papel da mulher na sociedade, na política e no mundo empresarial tem sido estimulado devido à participação de duas mulheres nas candidaturas à Presidência da República. Felizmente, nesse quesito, o número de países democráticos que tiveram ou têm uma mulher como líder nacional está aumentando: Alemanha, Inglaterra, Índia, Canadá, Chile, Argentina, etc. As leis da natureza fazem com que haja diferenças óbvias entre homens e mulheres. No campo da política, por exemplo, percebemos que a presença feminina contribui, dentre outros, para elevar a qualidade do diálogo, pois quando elas estão presentes o jogo de força, eventualmente bruto e mesmo sujo, é menos frequente e os bons modos no trato interpessoal prevalece.
No campo da economia, uma das maiores autoridades mundiais na área de empreendedorismo, o pesquisador canadense Louis Jacques Filion, analisou o empreendedorismo feminino mundial e constatou que no mundo dos negócios as mulheres têm mais conhecimento do mercado, são mais bem preparadas, progridem mais lentamente, porque tomam conta da família; planejam melhor o início de seus negócios e têm uma integração maior entre suas atividades pessoais e profissionais. E, o mais surpreendente, 25% das mulheres acreditam que são mais mal tratadas do que os homens pelas instituições de crédito pelo fato de serem mulheres.
As mulheres têm um estilo de gerenciamento mais participativo, se importam mais com seus empregados e clientes, não usam o mesmo critério dos homens para definir sucesso, gastam mais tempo e recursos com seus entes queridos, são mais envolvidas em atividades voluntárias para ajudar a comunidade e apontam mais razões familiares para iniciar seus negócios. A presença da mulher está evoluindo nos pequenos negócios, nas empresas familiares, como profissionais liberais e em posições de liderança nas empresas. Considerando as características femininas, acreditamos que novas políticas devem ser criadas para aumentar a participação das mulheres no mundo dos negócios.
Destaco o treinamento adequado dos agentes de crédito no atendimento do público feminino. Nesse ponto é oportuno citar o Grameen Bank, fundado em 1976 em Bangladesh, pelo economista Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz, que conseguiu retirar milhões de pessoas da pobreza extrema através de pequenos empréstimos produtivos concedidos a mulheres. Perguntado por que emprestar somente às mulheres, Yunus responde que, além de empreendedoras, elas são altamente responsáveis pela sobrevivência das suas famílias e boas pagadoras.
No Brasil já temos 35% das famílias chefiadas por mulheres, mas a sua representação política ainda é desproporcional à contribuição econômica. Por isso devemos juntos, homens e mulheres, inventar ações mais ousadas que favoreçam a presença feminina na política para que o imenso potencial feminino, historicamente represado, possa se manifestar na sua plenitude. Essa é uma condição preliminar para a construção da sociedade harmoniosa, dinâmica e sustentável que todos desejamos!
Rodrigo Rocha Loures - Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
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